da antiga Caxemira
mulheres seqüestradas
atiravam-se
aos cafres
e dançavam
e bebiam
e oravam
em bantos dialetos
desde a chegada
até quando
a aurora
se esbaldava em rosicler.
Não eram mulheres
mas mulheres
e as mulheres
e os mulheres
de fazer valer
inveja a Safo
de Lesbos
e das raves hodiernas
não avistavam
entre cálices de cobre
e terra de caulim
o gemido
grave do agudo.
E a história se repete
e os estertores
se repetem
nas criptas urbanas
repetem-se os gozos
e as orações
não se resignam
misturam-se
o que se goza
o que se reza
nos arcos e escadas
nas lidas
e revistas
escandalizam
o discreto lupanar.
j. a. pelegrina, 19/11/2010
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