deixar meus truques na gaveta.
Há dias que não sei lidar com meus ardis.
Até bebo cidreira no chá diário
e abro mão da anfetamina.
Precisava anunciar-me,
e há o medo - não do deslize -
mas em ser-me demais,
além de mim,
o fantasma não compreendido.
Queria plantar uma semente qualquer
e não há terra que suporte a fenda,
o encharque, o revirar do húmus
e o sol escaldante, contingente, saboroso
a calhar no canteiro do quintal esquecido.
Há algo de medonho,
e não quero desfalecer perante meu Pai.
Não quero pensar que o céu é Dele
e meu o inferno que Ele deixou e devora
com seus misteriosos permissivos.
Há algo de medonho
deixar meus truques às traças.
Vou virar, violento, a vã gaveta.
E o que cair, caiu.
E um santo qualquer que me beije a boca
e me guarde em seu coração
virgem de conflitos humanos;
para que eu me humanize
mas não me angelifique perante
seres normais.
j. a. pelegrina, 24/07/2008
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