À Dercilene Lilian MoreiraMeu santo
tem sons esquisitos
que gritam se calo.
Teu santo
o silêncio maldito
hipnótico embalo.
O meu: hiperativo celeste
sintagma-lâmina.
O teu: curativo que fere
e cura se sangra.
O que vamos fazer com os nomes
e a dúvida insana
se devemos tentar dar à luz
nosso signo comum?
Do latim de antanho ao byte
se traduz o amor
e, no entanto, o sentido
são criptogramas de dor.
Nenhuma esperança
esperanto
espraiando-se viva.
Sentença engasgada
ou tentada em ser traduzida.
O que vamos fazer com a dúvida
e os nomes insanos
se não estamos na esfera
dos deuses que criam fulanos?
Nossos santos semânticos
ensopam seus lenços florais.
Pranteiam o léxico enxuto
de lexemas radicais.
E o que temos são gestos banais
febris, seculares.
O silêncio bem mais
do que anacolutos de olhares.
j. a. pelegrina, 16/04/1997
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