Deixe-me correr
por este trilho aqui...
Com licença, meu chapa,
não tenho graxa nas rodas.
Vou em frente
porque não há tempo a perder...
Sou de aço e tinta
não tenho pinta de malandro
mas atropelo o vento
que lhe invade o pulmão
e não desmancha seus cabelos...
Sai da frente, irmão.
Leva este conselho,
mais sutil que útil:
vele a paisagem morta!
Porque os dormentes se multiplicam
e eu não tenho preguiça de viver.
j. a. pelegrina, 09/04/2010
Que não me perturbe
o que escrevo.
Que eu não escreva
por ocasião.
Que eu não me torne
escravo do que escrevo.
Que se tornem diárias
minhas palavras de esquema:
cause ou não polêmica
a quem ler minha intenção.
Que minhas palavras
não cravejem nossos corações.
Criá-las-ei diariamente
nossas palavras
sem perturbação.
j. a. pelegrina, 10/03/2010
Estou empanturrado de Religião.
Estou empanturrado de Ciência.
Estou empanturrado de Arte.
Estou vazio da amálgama das Três.
Estou vazio do Uno - sou apenas Um.
Estou Um-Todo-Vazio.
Estou vazio da magia do inconsútil
para onde tudo converge.
j. a. pelegrina, 05/05/2010.