quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
Mondrian – (Arco Ascendente)
shapiro enxergou
humanidade
na assimetria de piet
sem piedade
deslindou o stijl
seu estilete
dissecou
mas não feriu
não odiou a ortopraxia
de doesburg
suas inclináveis
amou o toc de hpb
na cuca de mondrian
e o jazz soando aleatórios
branco
cinza
preto
amarelo
azul
vermelho
o espírito ortogonal
coreografa
além das molduras
sobe e converge
perpendicular
enigmático
mais que um quadro
uma composição
no espaço-tempo arcaico
do ponto ubíquo
ao ab ovo do universo
o estilo futuro
mais que esse design
desígnio do eterno
artefato de deus
www.mondrian.kit.net
humanidade
na assimetria de piet
sem piedade
deslindou o stijl
seu estilete
dissecou
mas não feriu
não odiou a ortopraxia
de doesburg
suas inclináveis
amou o toc de hpb
na cuca de mondrian
e o jazz soando aleatórios
branco
cinza
preto
amarelo
azul
vermelho
o espírito ortogonal
coreografa
além das molduras
sobe e converge
perpendicular
enigmático
mais que um quadro
uma composição
no espaço-tempo arcaico
do ponto ubíquo
ao ab ovo do universo
o estilo futuro
mais que esse design
desígnio do eterno
artefato de deus
j. a. pelegrina, 07/07/2006
www.mondrian.kit.net
Lupanar (Arco Descendente)
Nos lupanares
da antiga Caxemira
mulheres seqüestradas
atiravam-se
aos cafres
e dançavam
e bebiam
e oravam
em bantos dialetos
desde a chegada
até quando
a aurora
se esbaldava em rosicler.
Não eram mulheres
mas mulheres
e as mulheres
e os mulheres
de fazer valer
inveja a Safo
de Lesbos
e das raves hodiernas
não avistavam
entre cálices de cobre
e terra de caulim
o gemido
grave do agudo.
E a história se repete
e os estertores
se repetem
nas criptas urbanas
repetem-se os gozos
e as orações
não se resignam
misturam-se
o que se goza
o que se reza
nos arcos e escadas
nas lidas
e revistas
escandalizam
o discreto lupanar.
da antiga Caxemira
mulheres seqüestradas
atiravam-se
aos cafres
e dançavam
e bebiam
e oravam
em bantos dialetos
desde a chegada
até quando
a aurora
se esbaldava em rosicler.
Não eram mulheres
mas mulheres
e as mulheres
e os mulheres
de fazer valer
inveja a Safo
de Lesbos
e das raves hodiernas
não avistavam
entre cálices de cobre
e terra de caulim
o gemido
grave do agudo.
E a história se repete
e os estertores
se repetem
nas criptas urbanas
repetem-se os gozos
e as orações
não se resignam
misturam-se
o que se goza
o que se reza
nos arcos e escadas
nas lidas
e revistas
escandalizam
o discreto lupanar.
j. a. pelegrina, 19/11/2010
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Mercadores de Idéias (Arco Descendente)
Tive uma idéia
mas ela não vale nada
não vale o que propõe
não vale o que supõe
vale quanto pesa seu dono
frugal de dar dó
de valer-se da fome
e do pensar
Se eu fosse
Pedro Honório Duarte
mercador de idéias
de fazer Ciência e Arte
vulgo PHD...
nas cercanias da academia
fazendo arte na voz da mãe
Mas, não...
Meus corolários
são dedutivos demais
para a modernosa intelligentsia
Minhas premissas
musgo ordinário
esquecido nos idos de Aristóteles
sabe a realidade
Realidade é coisa que dói
e dá pouco dinheiro
porque não há quem a queira
de tão virgem
de eletrodos, bits e papéis
E os mercadores de idéias
não perdem tempo, não!
Os mercadores de idéias
sabem do desejo
sabem criar desejos e sonhos
cunhar moedas de pesadelos
trocadas
nos balcões de lenitivos
da botica do Senhor PHD
E a ironia come solta, velho
porque sustentar diálogo
não é pra qualquer pensante
mal sabedor do querer
do seu e do alheio em algures
O bom pensador
não teme do pensar alheio
o visgo e a fisga
- suporta riqueza e brisa
Sustentar diálogo
é amar ciência e arte
técnica e religião
é amar a inteligência coletiva
e o estertor individual
é amar-se a si e o alheio
como quem veio
para compreender
a arte
de ser
ego
e...
a arte
de ser
alter.
mas ela não vale nada
não vale o que propõe
não vale o que supõe
vale quanto pesa seu dono
frugal de dar dó
de valer-se da fome
e do pensar
Se eu fosse
Pedro Honório Duarte
mercador de idéias
de fazer Ciência e Arte
vulgo PHD...
nas cercanias da academia
fazendo arte na voz da mãe
Mas, não...
Meus corolários
são dedutivos demais
para a modernosa intelligentsia
Minhas premissas
musgo ordinário
esquecido nos idos de Aristóteles
sabe a realidade
Realidade é coisa que dói
e dá pouco dinheiro
porque não há quem a queira
de tão virgem
de eletrodos, bits e papéis
E os mercadores de idéias
não perdem tempo, não!
Os mercadores de idéias
sabem do desejo
sabem criar desejos e sonhos
cunhar moedas de pesadelos
trocadas
nos balcões de lenitivos
da botica do Senhor PHD
E a ironia come solta, velho
porque sustentar diálogo
não é pra qualquer pensante
mal sabedor do querer
do seu e do alheio em algures
O bom pensador
não teme do pensar alheio
o visgo e a fisga
- suporta riqueza e brisa
Sustentar diálogo
é amar ciência e arte
técnica e religião
é amar a inteligência coletiva
e o estertor individual
é amar-se a si e o alheio
como quem veio
para compreender
a arte
de ser
ego
e...
a arte
de ser
alter.
j. a. pelegrina, 18/08/2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Pramodescansar (Arco Ascendente)
o homem lúdico
é lúcido
porque é lúdico
o homem lúcido
é lúdico
porque é lúcido
bebe e não cai
fuma e não tosse
vai e não vai
pesca no ar
a mística da vida
o símbolo peixe
do oiapoque ao chuí
a picardia é sã
tarda e não falha
calha e não tarda
na ginga do corpo
no gênio da língua
cava o pão
no fim de semana
cava o pênalti
pescador inato
o homo-brasílico
aguarda na proa
o peixe no prato
teleguiado
pular numa boa
é lúcido
porque é lúdico
o homem lúcido
é lúdico
porque é lúcido
bebe e não cai
fuma e não tosse
vai e não vai
pesca no ar
a mística da vida
o símbolo peixe
do oiapoque ao chuí
a picardia é sã
tarda e não falha
calha e não tarda
na ginga do corpo
no gênio da língua
cava o pão
no fim de semana
cava o pênalti
pescador inato
o homo-brasílico
aguarda na proa
o peixe no prato
teleguiado
pular numa boa
j. a. pelegrina, 01/11/1995
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Blasé (Arco Descendente)
Jogado na calçadaGosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é monótono a fazer morrer de sono.Macário – Álvares de Azevedo
Camisa amarrada ao pescoço
Dois PMs na cabeça
Fazendo alvoroço
Na madrugada quente
O meio fio interminável
Silenciava minhas lágrimas
Fortalecia minha mágoa
Por azar inacabada
Desde a nascente de Outono
Se houver Natal e Carnaval
Se houver do que rir e chorar
Pouco me importa a Tempestade
Quando aguar o meu conhaque
E apagar o meu charuto
Vulto retinto de tanta sombra
Sem frio, calor ou ímpeto
De mágoa um pouco airado
Ciente de mim e completo
Duradouro, porém finito
Na madrugada quente
Fazendo alvoroço
Dois PMs sem cabeça
Jogados na calçada
Camisa amarrada ao pescoço
j. a. pelegrina, 05/08/2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Dormentes (Arco Ascendente)
Deixe-me correr
por este trilho aqui...
Com licença, meu chapa,
não tenho graxa nas rodas.
Vou em frente
porque não há tempo a perder...
Sou de aço e tinta
não tenho pinta de malandro
mas atropelo o vento
que lhe invade o pulmão
e não desmancha seus cabelos...
Sai da frente, irmão.
Leva este conselho,
mais sutil que útil:
vele a paisagem morta!
Porque os dormentes se multiplicam
e eu não tenho preguiça de viver.
por este trilho aqui...
Com licença, meu chapa,
não tenho graxa nas rodas.
Vou em frente
porque não há tempo a perder...
Sou de aço e tinta
não tenho pinta de malandro
mas atropelo o vento
que lhe invade o pulmão
e não desmancha seus cabelos...
Sai da frente, irmão.
Leva este conselho,
mais sutil que útil:
vele a paisagem morta!
Porque os dormentes se multiplicam
e eu não tenho preguiça de viver.
j. a. pelegrina, 09/04/2010
Ataraxia (Arco Ascendente)
Que não me perturbe
o que escrevo.
Que eu não escreva
por ocasião.
Que eu não me torne
escravo do que escrevo.
Que se tornem diárias
minhas palavras de esquema:
cause ou não polêmica
a quem ler minha intenção.
Que minhas palavras
não cravejem nossos corações.
Criá-las-ei diariamente
nossas palavras
sem perturbação.
o que escrevo.
Que eu não escreva
por ocasião.
Que eu não me torne
escravo do que escrevo.
Que se tornem diárias
minhas palavras de esquema:
cause ou não polêmica
a quem ler minha intenção.
Que minhas palavras
não cravejem nossos corações.
Criá-las-ei diariamente
nossas palavras
sem perturbação.
j. a. pelegrina, 10/03/2010
terça-feira, 18 de maio de 2010
Vazio (Arco Ascendente)
Estou empanturrado de Religião.
Estou empanturrado de Ciência.
Estou empanturrado de Arte.
Estou vazio da amálgama das Três.
Estou vazio do Uno - sou apenas Um.
Estou Um-Todo-Vazio.
Estou vazio da magia do inconsútil
para onde tudo converge.
j. a. pelegrina, 05/05/2010.
segunda-feira, 8 de março de 2010
As Piores Mulheres - Vaticínio (Arco Descendente)
As piores mulheres
danarão a Terra
o Homem e a Prole
As piores mulheres
farão da Guerra
o que lhes console
Serão mais livres
serão mais ricas
serão mais moles
Serão bonitas
e movediças
terão mais dólares
Farão do sexo
xilocaína
para seus homens
Escravocratas
desnorteadas
em grande número
Psicopatas
desbordadas
- mulher sem útero?!...
Espalharão
doença e fome
em nome de Deus...
Longe do lar
vestida de grana
espinafrada
A pior mulher
terá vislumbres
de seu sumiço
A pior mulher
um aleijão
de um Deus qualquer
De algum jornal
tv ou net
revista ou vício
Desalojada
a pior mulher
sem Evoé?
Se Deus quiser
pelo estro de Deus
um Deus qualquer!
danarão a Terra
o Homem e a Prole
As piores mulheres
farão da Guerra
o que lhes console
Serão mais livres
serão mais ricas
serão mais moles
Serão bonitas
e movediças
terão mais dólares
Farão do sexo
xilocaína
para seus homens
Escravocratas
desnorteadas
em grande número
Psicopatas
desbordadas
- mulher sem útero?!...
Espalharão
doença e fome
em nome de Deus...
Longe do lar
vestida de grana
espinafrada
A pior mulher
terá vislumbres
de seu sumiço
A pior mulher
um aleijão
de um Deus qualquer
De algum jornal
tv ou net
revista ou vício
Desalojada
a pior mulher
sem Evoé?
Se Deus quiser
pelo estro de Deus
um Deus qualquer!
j. a. pelegrina, 22/08/2004.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Injusta (Arco Descendente)
(Então, Dona Imundícia? Cai pra dentro!)
A injustiça do mundo!
O que faço com ela?
Sinto seu cheiro...
Olho em seus olhos...
Abalroo sua derme
E sinto sua existência
Maior do que a minha.
Ela possui todos os sentidos
E todas as armas contra mim
A injustiça do mundo
Essa hermafrodita oleosa
Lés a lés e semovente
E especialmente bela
Aos olhos de seus filhos
O que faço com ela?
Sinto seu cheiro
Olho em seus olhos
Que me hipnotizam
Olhos de mormaço...
O que faço para esquecê-la?
Convivo com todos seus adjetivos.
A injustiça silenciosa do mundo retumbante.
A injustiça do mundo, véio!
A injustiça do mundo, mano!
A injustiça do mundo, tio!
A injustiça do mundo, irmão!
A injustiça do mundo, doutor!
A injustiça do mundo, excelência!
A injustiça do mundo, amigo!
A injustiça do mundo, pai!
A injustiça do mundo, filho!
A injustiça do mundo, espírito santo!
A M É M, M Ã E!!
j. a. pelegrina, 09/04/2006
Tristeza (Arco Ascendente)
Você mora dentro de mim, tristeza
E a beleza da solidão é feia
Sempre que me sinto incoerente
Mas não vou romper a veia
Quebrar o vaso onde bebo sentimentos
Há momentos bons e outros
Que não serão lembrados
Em dias de alegria descomunal
Atear fogo agora é tarde e fortuna
Há dunas e diques
Perfazendo orlas e muros
Há ventos e furos
Tanta coisa indene no mundo
Resgatada do meu ódio inconveniente
As águas virão suaves
Prosopopéias de algas e sais
Mais do que magia, coerência
Da felicidade que virá habitar em mim
E a beleza da solidão é feia
Sempre que me sinto incoerente
Mas não vou romper a veia
Quebrar o vaso onde bebo sentimentos
Há momentos bons e outros
Que não serão lembrados
Em dias de alegria descomunal
Atear fogo agora é tarde e fortuna
Há dunas e diques
Perfazendo orlas e muros
Há ventos e furos
Tanta coisa indene no mundo
Resgatada do meu ódio inconveniente
As águas virão suaves
Prosopopéias de algas e sais
Mais do que magia, coerência
Da felicidade que virá habitar em mim
j. a. pelegrina, 24/08/2006
Mendigo Bêbado (Arco Descendente)
um bêbado desliza
não anda quando pisa
impetuosa a brisa
o atira na parede
um lúcido o inferniza
a noite o inferniza
a vida o inferniza
a fome a dor e a sede
parece-me um triste
a vida é mesmo triste
o meu olhar é triste
pondo-me a contemplá-lo
não sei se deus existe
se o bêbado existe
se a justiça existe
por isso eu me calo
um bêbado um louco
eu parecendo louco
não vou eu não sou louco
salvar aquele trôpego
espero mais um pouco
eu sei que pouco a pouco
a paz virá e um pouco
lhe haverá de fôlego
um palmo de justiça
a terra por justiça
a véspera justiça
que nunca está presente
caprichos da sevícia
o viço da sevícia
a terra por sevícia
enterra outra semente
adeus à personagem
de quem a personagem?
o autor da personagem
obliterou o enredo
estúpida viagem
viver pela viagem
sem escolher viagem
que só nos causa medo
não anda quando pisa
impetuosa a brisa
o atira na parede
um lúcido o inferniza
a noite o inferniza
a vida o inferniza
a fome a dor e a sede
parece-me um triste
a vida é mesmo triste
o meu olhar é triste
pondo-me a contemplá-lo
não sei se deus existe
se o bêbado existe
se a justiça existe
por isso eu me calo
um bêbado um louco
eu parecendo louco
não vou eu não sou louco
salvar aquele trôpego
espero mais um pouco
eu sei que pouco a pouco
a paz virá e um pouco
lhe haverá de fôlego
um palmo de justiça
a terra por justiça
a véspera justiça
que nunca está presente
caprichos da sevícia
o viço da sevícia
a terra por sevícia
enterra outra semente
adeus à personagem
de quem a personagem?
o autor da personagem
obliterou o enredo
estúpida viagem
viver pela viagem
sem escolher viagem
que só nos causa medo
j. a. pelegrina, 27/06/97
Madrugada em Sampa (Arco Descendente)
Essas ruas têm noites
Sorrisos e choros
Essas ruas têm moitas
De concreto e de ouro
Essas ruas que são
Liberdade e prisão
Multidão e saudade
Deus não pisa não
Essas ruas que têm
Ladrões de verdade
Essas ruas que são
Toda uma eternidade
Essas ruas se acabam
Logo pela manhã
Com restos que nem
O diabo abocanha
Essas ruas são frutos
De muitas paixões
Essas ruas têm vultos
E têm emboscadas
Essas ruas também
Têm nós e gravatas
Que deus não desata
E o diabo detesta
Essas ruas por fim
É sampa no avesso
Essas ruas no mapa
Têm dois endereços
Essas ruas são feitas
De grana e carne
Tanto a servir
Que “Deus & Diabo”
Não arrisca invadir.
Sorrisos e choros
Essas ruas têm moitas
De concreto e de ouro
Essas ruas que são
Liberdade e prisão
Multidão e saudade
Deus não pisa não
Essas ruas que têm
Ladrões de verdade
Essas ruas que são
Toda uma eternidade
Essas ruas se acabam
Logo pela manhã
Com restos que nem
O diabo abocanha
Essas ruas são frutos
De muitas paixões
Essas ruas têm vultos
E têm emboscadas
Essas ruas também
Têm nós e gravatas
Que deus não desata
E o diabo detesta
Essas ruas por fim
É sampa no avesso
Essas ruas no mapa
Têm dois endereços
Essas ruas são feitas
De grana e carne
Tanto a servir
Que “Deus & Diabo”
Não arrisca invadir.
j. a. pelegrina, 05.11.98.
dEUs (Arco Ascendente)
Deus me inventou e eu me reinvento.
Aí eu reinvento Deus.
E Ele desiste de mim.
Deus me inventou
E eu me reinvento.
Assopro forte um vento
E espalho o velho pó
De meus pensamentos.
Havendo sentimentos
Vários e júbilos constantes
Recrio-me estante
Faço-me livro
Reviro-me em terra
Expluo sementes
Torno-me semente e árvore
Ora arrebento
Ora emendo
Alhures... rebento
Mas... o tempo...
O mesmo tempo
Sempre o tempo
Que outro seria
Senão este ser
Que se refaz
Em horas de espanto?
Deus?
No qual se crê?
Ou este que invento?
j. a. pelegrina, 05/02/2009
Burundangas (Arco Ascendente)
Quem era massa
Hoje está nessa desgraça
Pouca paz e muita liça
Muita raça e pouco pão
Quem era leve
Hoje tem o que lhe pese
Sai pagando o que não deve
Dizimando o galardão
Quem era oxóssi
Hoje chora no peji
E beija boca do siri
Pra não mais comer sabão
Quem era louco
Pra ficar famoso e rico
Não descola nem um circo
Pra dar banho em leão
Quem via o céu
Hoje só vê urubu
Pensa que é o uirapuru
Oferecendo uma canção
Hoje está nessa desgraça
Pouca paz e muita liça
Muita raça e pouco pão
Quem era leve
Hoje tem o que lhe pese
Sai pagando o que não deve
Dizimando o galardão
Quem era oxóssi
Hoje chora no peji
E beija boca do siri
Pra não mais comer sabão
Quem era louco
Pra ficar famoso e rico
Não descola nem um circo
Pra dar banho em leão
Quem via o céu
Hoje só vê urubu
Pensa que é o uirapuru
Oferecendo uma canção
j. a. pelegrina, 19/05/2000
Ausência Expressionista (Arco Ascendente)
Como um louco
Um desvairado consciente
Um policial noir da zona leste
Num dia de sol poente
Tarde luminosa
De crepúsculo esfaimado
Juntei numa tralha
Meus estorvos tecnológicos
Joguei no terreno baldio
Meti o pé em cima, ergui o braço
E gritei para que me ouvissem:
- Tecnologia de bosta
- Do marketing agressivo
- Das crueldades de mercado
- Das transnacionais escravocratas
- Das hipocrisias constituídas
Gritei aos meus vizinhos
De quarenta anos vividos
Pobres como eu
Periféricos como eu
Cultos e incultos como eu
Pedi ao meu Deus
Que não me considerasse blasfemo
Pedi aos meus amigos
Que me abandonassem um pouco
Pedi aos meus filhos
Que me compreendessem mais
Pedi a minha mulher que se calasse um minuto
E depositei em meus ombros
Responsabilidades vicinais
Não quero saber da áfrica
Não quero saber da Ásia
Não me interessam tsunamis
E pobres afogados na fome
Pouco me importa a globalização
Estou cansado, muito cansado
E tenho vontade de chorar
Mas sou fodido macho de bordoadas
De não sentir dor qualquer
Interessa-me apenas o que sou
Estou farto, mas não gasto
Não sinto gastura qualquer que me encrua
Sinto-me livre como nunca
O que sinto é uma ausência
De terras e árvores e águas com peixes
E pássaros que cantam
E cigarras vespertinas e vagalumes
E grilos incautos e grelos noturnos perfumantes
E ruas sem asfalto e sem calçadas
E músicas e tintas do tempo
Que se consideravam arte
Alimentos de almas refinadas
Sinto um vazio de algo
Que não sei explicar
Não sinto medo, sinto ausência
Sentir ausência é pior
Do que sentir qualquer outra coisa.
Devo continuar estes versos?
Não terminaria nunca...
Pois o que sinto não tem começo
Tampouco fim.
Há um sentir apenas
Coisa errante - e pronto.
Um desvairado consciente
Um policial noir da zona leste
Num dia de sol poente
Tarde luminosa
De crepúsculo esfaimado
Juntei numa tralha
Meus estorvos tecnológicos
Joguei no terreno baldio
Meti o pé em cima, ergui o braço
E gritei para que me ouvissem:
- Tecnologia de bosta
- Do marketing agressivo
- Das crueldades de mercado
- Das transnacionais escravocratas
- Das hipocrisias constituídas
Gritei aos meus vizinhos
De quarenta anos vividos
Pobres como eu
Periféricos como eu
Cultos e incultos como eu
Pedi ao meu Deus
Que não me considerasse blasfemo
Pedi aos meus amigos
Que me abandonassem um pouco
Pedi aos meus filhos
Que me compreendessem mais
Pedi a minha mulher que se calasse um minuto
E depositei em meus ombros
Responsabilidades vicinais
Não quero saber da áfrica
Não quero saber da Ásia
Não me interessam tsunamis
E pobres afogados na fome
Pouco me importa a globalização
Estou cansado, muito cansado
E tenho vontade de chorar
Mas sou fodido macho de bordoadas
De não sentir dor qualquer
Interessa-me apenas o que sou
Estou farto, mas não gasto
Não sinto gastura qualquer que me encrua
Sinto-me livre como nunca
O que sinto é uma ausência
De terras e árvores e águas com peixes
E pássaros que cantam
E cigarras vespertinas e vagalumes
E grilos incautos e grelos noturnos perfumantes
E ruas sem asfalto e sem calçadas
E músicas e tintas do tempo
Que se consideravam arte
Alimentos de almas refinadas
Sinto um vazio de algo
Que não sei explicar
Não sinto medo, sinto ausência
Sentir ausência é pior
Do que sentir qualquer outra coisa.
Devo continuar estes versos?
Não terminaria nunca...
Pois o que sinto não tem começo
Tampouco fim.
Há um sentir apenas
Coisa errante - e pronto.
j. a. pelegrina, 10/11/2009
São Mateus (Arco Ascendente)
Quem disse que São Mateus é biboca?
E disse que além de biboca
É broca viver com os manos?
Quem disse, não suportará porrada!
Não é porrada tanta, mas esporro na alma.
Porque os caras chegam junto?
E assaltam no semáforo?
E compram a pedra louca
Que não é pedra angular do sistema vigente?
São Mateus é pedra de função
E pedra de função
É o risco de viver feliz
Mesmo o trampo raro matando de fome
E a pilantropia temperada de água benta.
São Mateus não é Higienópolis.
Como quem pensa que a guerra
É Higiene do mundo
De fazer passar bem higienopolitanos
Que também cheiram, viu moço, e defecam
Na mesma louça onde cagam os pobres.
A guerra dos roses?
A guerra dos browsers?
A guerra quente e fria?
A guerra etnosafada
Que esmerilha a raça!
São Mateus morre de alegria
De saber-se sã
Entre bichas, anarquistas, democratas,
Conservadores, cibernautas e gente simples
Que sabe ganhar dinheiro honestamente:
Professores, comerciantes, jornalista, catadores
De papelão, de lata, de ilusão e doutros, Viu?
- Cala a boca, borrabotas!
E disse que além de biboca
É broca viver com os manos?
Quem disse, não suportará porrada!
Não é porrada tanta, mas esporro na alma.
Porque os caras chegam junto?
E assaltam no semáforo?
E compram a pedra louca
Que não é pedra angular do sistema vigente?
São Mateus é pedra de função
E pedra de função
É o risco de viver feliz
Mesmo o trampo raro matando de fome
E a pilantropia temperada de água benta.
São Mateus não é Higienópolis.
Como quem pensa que a guerra
É Higiene do mundo
De fazer passar bem higienopolitanos
Que também cheiram, viu moço, e defecam
Na mesma louça onde cagam os pobres.
A guerra dos roses?
A guerra dos browsers?
A guerra quente e fria?
A guerra etnosafada
Que esmerilha a raça!
São Mateus morre de alegria
De saber-se sã
Entre bichas, anarquistas, democratas,
Conservadores, cibernautas e gente simples
Que sabe ganhar dinheiro honestamente:
Professores, comerciantes, jornalista, catadores
De papelão, de lata, de ilusão e doutros, Viu?
- Cala a boca, borrabotas!
j. a. pelegrina, 08/11/2008
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