(contemplação no semáforo do Paraíso – a amputação começa no título)
veja aquela meninha
vindo ali toda sujinha
...não é do punjab...!
brasileirinha e descalça...
- não chore ou babe
globalmente, canalha!
- globalizado ou não
o mundo, meu irmão
é limpinho e imundo
e a menininha vem chegando
balinha na mão que “ocê” odeia
“um real” – abaixa o som, porra!
escuta a voz da menininha:
discursinho decorado...
e a bala é horrível
o semáforo enroscado
o tráfego...
os trâmites cognitivos do saber...
o chope esquentaria
o posto de gasolina logo ali...
- um bósforo
- um fósforo
- um gesto ígneo e pronto!
mas...não!!
toma à direita
que a esquerda é contra-mão
estaciona e pede um scott , porra!
j. a. pelegrina, 04/10/2003
Visão de Mundo
De mundo
Em mundo
Mundo mondongo
De mundo imundo
Do camundongo
Mundéu sem rumo
Moldando o mundo
Mundoneroso
Palavra-ônibus
Do submundo
Do mundinhoso
Do Digimundo
Dedo no mundo
Mostra o mundinho
Mundeletrônico
Do mundo beat
Ao bitmundo
Inunda o cérebro
De mundureba
Palavra-ônibus
Palavra-mundo
Munduniverso
Do Olorumundo
O nosso mundo
Mundéu de versos
Diversos mundos
Amaro Mundo
Mundo Orama
Amar o Mundo
j. a. pelegrina, 18/02/2011
Trova de Verrina,
ou Uma Ova!
É! - dona moça bonita do banco
e de algo além de formidáveis ancas
não vou ficar abobado as tantas
pois não sou besta de quem me guia
nasci pra vigiar belas e tantas
e me deslindar de quem me vigia.
É! - dona moça do banco bonita
além de mim há outro que a fita
mas vou lhe arrancar a grita!
- infindo clamor de uma só mulher
é a lei do macho que jamais hesita
- fazer da mais bela: coisa que se quer!
É! - dona moça sem qualquer guarida
escrita sua sina - nunca foi lida
esqueça e se deixe combalida
sua alma – e sua carne que me pertence
não quero comer sem beber da vida
a aragem amaviosa que me enlouquece.
j. a. pelegrina, 23/12/2010
Eu estava conversando
com meu Pai – e disse:
Pai, agora não! Não é hora!
O mundo é feito de Música,
acepipes intrigantes,
bebidas inebriantes e inteligentes,
seres femininos de causar êxtases
e conflitos que me farão scholar
como nenhuma escola
me fez alguém de saber tanto
com o manto da vida impudica
a me cobrir de honras.
Sou um home feliz
cheio de coisas que não me explicam,
não me explodem nem me detonam
tampouco me denotam e não sei explicar;
mas que me causam felicidades.
Felicidades, sim! – pois há mais de uma!
Exclamo, porque a língua de verdade
deve repletar-se de exclamações!
A língua-linguagem
de letras e formas,
sentimentos e frialdades
de interrogações e pontos finais;
esta língua de humaníssimas interioridades
me faz zanzar entre neurônios e teclados.
Pai, seja a Babel realidade
nos livros insanos que aprendemos
junto a cada tropeço incorrido
de evangélicos e católicos retintos.
Seja o que for, Pai, de erros
lógicos, intuições absurdas
e heurísticas inebriantes sem sentido.
Amo a vida, porque se chama
esposa, filhos, amigos, memórias
masturbações relegadas
à adolescência fustigada.
Amo porque estou vivo
de viver com entusiasmo
como me revelou
meu excelente amigo!
Amo, porque estou vivo!
j. a. pelegrina, 06/02/2011
a falsífica parturiente
e os asseclas dela em volta
simulavam dementes
à luz a prole solta
o namorado emputecido
descria ou duvidava
em virtude do ácido
que há nove meses tomava
pela janela olhava insano...
jogou-se como quem
salvasse-se do transtorno
sumindo em salamaleques
a deus – malgrados!
ódio – aos anjos ébrios
e os gestos desazados
com pensamentos réprobos
os asseclas viraram cinzas
o femeaço caiu no mundo
a pústula insiste ainda
no seu útero profundo
lesma desgovernada
já não serve à indecência
feia e desbordada
deu-se à claudicância
olhando para os céus
vê o amado flutuante
em miniatura nos seus
lacrimejares constantes
e asnos cuspindo alho
com perdigotos de sangue
flagelam o espectro que olha
a amada outrora azougue
farpada pelo destino
a bela, a puta, humana
arrasta consigo um menino
vitrificado em porcelana
j. a. pelegrina, 07/06/2003