quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pretitude (r(á)p-ido) (Arco Descendente)




e sendo preto
acreditando ter talento
na escola
no momento em que a bola
me tocasse os pés

e sendo preto
nordestino
americano
na escola
no momento em que tocasse
um instrumento

a alforria
não seria revelia
nem secreto
nem seria ilusão
de qualquer preto

a euforia
desse reconhecimento
pelo branco barulhento
que consome a alma do preto

no último tempo
quando dá um toque frumento
faz o gol
é um alento
o preto é rei e não é preto?

no último tempo
é bem sabido que o preto
ginga bem com seu talento
natural de capoeira?

e sendo preto
acreditando no talento
na escola
instrumento musical ou futebol

é tudo preto
divertir
coisa de preto
preto é bom leitmotiv
para intelectual?

neste país onde o preto
forma um degradê bonito
começando pelo jambo
que o índio nos doou

o branco sendo furta-cor
é outro tom
não diz respeito
fiquem
com seus pigmentos
seus gametas
seus proventos
que a história
debitou do preto-preto

e na global
aldeia branca
os zigotos loucos pretos
dançam samba
e se entristecem
ouvindo blues
tocando jazz.


j. a. pelegrina, 02.07.94

Um comentário:

Unknown disse...

Olha só... eu num sabia que o meu professor de JAD tinha esse dom da poesia, pelo visto ele não lê só livros como a Engenharia do Software, hahaha, brincadeira professor... eu sei que o Ari já fez letras, se não me engano 3 anos...então tá no sangue dele os versos. E o gosto musical também é muito bom! Aprendi a gostar de Genesis com ele, hahaha.

Um forte abraço Ari, já adicionei a página aos favoritos e de vez enquando passarei aqui pra ver se tem alguma novidade...
Até qualquer hora