sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Parturiente - (Arco Descendente)

a falsífica parturiente
e os asseclas dela em volta
simulavam dementes
à luz a prole solta

o namorado emputecido
descria ou duvidava
em virtude do ácido
que há nove meses tomava

pela janela olhava insano...
jogou-se como quem
salvasse-se do transtorno
sumindo em salamaleques

a deus – malgrados!
ódio – aos anjos ébrios
e os gestos desazados
com pensamentos réprobos

os asseclas viraram cinzas
o femeaço caiu no mundo
a pústula insiste ainda
no seu útero profundo

lesma desgovernada
já não serve à indecência
feia e desbordada
deu-se à claudicância

olhando para os céus
vê o amado flutuante
em miniatura nos seus
lacrimejares constantes

e asnos cuspindo alho
com perdigotos de sangue
flagelam o espectro que olha
a amada outrora azougue

farpada pelo destino
a bela, a puta, humana
arrasta consigo um menino
vitrificado em porcelana



j. a. pelegrina, 07/06/2003

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