quarta-feira, 22 de junho de 2011

Santos e Tantos (Arco Descendente)

À Dercilene Lilian Moreira
Meu santo
tem sons esquisitos
que gritam se calo.
Teu santo
o silêncio maldito
hipnótico embalo.
O meu: hiperativo celeste
sintagma-lâmina.
O teu: curativo que fere
e cura se sangra.

O que vamos fazer com os nomes
e a dúvida insana
se devemos tentar dar à luz
nosso signo comum?

Do latim de antanho ao byte
se traduz o amor
e, no entanto, o sentido
são criptogramas de dor.

Nenhuma esperança
esperanto
espraiando-se viva.
Sentença engasgada
ou tentada em ser traduzida.

O que vamos fazer com a dúvida
e os nomes insanos
se não estamos na esfera
dos deuses que criam fulanos?

Nossos santos semânticos
ensopam seus lenços florais.
Pranteiam o léxico enxuto
de lexemas radicais.
E o que temos são gestos banais
febris, seculares.

O silêncio bem mais
do que anacolutos de olhares.


j. a. pelegrina, 16/04/1997

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